domingo, 19 de maio de 2019

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO / 1º MATÉRIA DO CURSO DE PEDAGOGIA ✔


SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO



A filosofia social no Renascimento Na Europa, em meados do século XV, ocorreram mudanças significativas na maneira de pensar o mundo que lançariam as bases do que viria a ser o mundo contemporâneo. Nesse período, conhecido como Renascimento, floresceu uma nova postura do ser humano diante da natureza e da sociedade. Com o declínio da influência da Igreja Católica e o consequente aparecimento de crenças que estimulavam os fiéis à leitura interpretativa das escrituras, retomou-se o pensamento especulativo, pouco praticado na Idade Média. Assim, o conhecimento deixou de se fundamentar na revelação, adotada como postura de fé, para voltar a ser, como na Antiguidade greco-romana, decorrente da atividade racional. Nesse mundo cada vez mais liberto da tutela da Igreja, os seres humanos começaram a se sentir mais livres para criticar a realidade que vivenciavam. Novas instituições políticas e sociais foram criadas e começou a surgir uma nova classe social – a burguesia mercantil – profundamente interessada em mudanças políticas e sociais. Como consequência dessas mudanças, uma nova visão de mundo começou a se formar e a se expressar na pintura, na arquitetura, na literatura, na filosofia e na teologia. Em decorrência dessa nova visão de mundo, começaram a surgir obras tratando das relações de poder e também da convivência entre os seres humanos. Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O príncipe, onde se propõe a explicar como um monarca absoluto é capaz de fazer conquistas, reinar e manter o seu poder. Para identificar o valor dessa obra, publicada em 1513 e que se tornou um dos maiores best-sellers do século XVI, basta lembrar que foi o primeiro grande livro do Ocidente em mais de mil anos a não conter uma única citação bíblica e nenhuma menção a escritores da Antiguidade. Muitas outras obras de cunho social surgiram durante o Renascimento. Thomas Morus (1478-1535) escreveu A utopia, obra referente a uma sociedade imaginária, onde a vida é simples, sem luxo, todos trabalham, onde reinam a igualdade e a concórdia e não há necessidade de pagar por nada, pois há de tudo em profusão. Tommaso Campanella (1568- 1639) escreveu A cidade do Sol, referente a uma sociedade na qual não têm lugar família, propriedade e distinções profissionais e sociais. Thomas Hobbes (1588-1679) escreveu O Leviatã, onde defende o poder absoluto do soberano. Francis Bacon (1561-1626) escreveu A nova Atlântida, que se refere a um estado imaginário onde reina a felicidade graças a certas características de sua organização. Nenhuma dessas obras pode ser definida como rigorosamente sociológica, pelo menos no sentido moderno desse conceito. No entanto, são representativas das preocupações de seus autores com a vida social e os problemas da época. Convém ressaltar que, nelas, as relações sociais começam a ser tratadas não como consequência do acaso ou das qualidades individuais dos sujeitos, mas como produto de contingências econômicas ou políticas. Abrindo, portanto, o caminho para as explicações científicas acerca da sociedade.

A filosofia social do Iluminismo


A vida intelectual da Europa do século XVIII, sobretudo na França, Inglaterra e Alemanha, foi significativamente influenciada pelo Iluminismo, movimento que se baseava no poder da razão para a solução dos problemas sociais. Nesse período, a burguesia já havia avançado a ponto de conceber uma forma própria de pensar, capaz de transformar o conhecimento num processo capaz de produzir efeitos práticos. A indústria já se tornara um componente importante da vida social europeia. Logo, tornava-se necessário preparar a sociedade para essa nova realidade. As novas formas de pensar dos iluministas receberam, portanto, apoio da burguesia, que desejava libertar-se das amarras estabelecidas pelas monarquias absolutas, que não permitiam a liberdade de comércio e a livre concorrência de salários e preços. Segundo o pensamento iluminista admitia, as relações econômicas e sociais são regi- das por leis físicas e naturais que funcionariam de maneira racional, desde que não fossem prejudicadas pela intervenção do Estado absolutista. Reconhecia-se, portanto, a capacidade humana de pensar e de escolher, desde que leis rígidas não perturbassem sua ação. No plano político, objetivava-se a escolha dos governantes no contexto de um Estado representativo da vontade popular. No plano econômico, por sua vez, frutificava a ideia de que o funcionamento das sociedades deveria se basear em acordos entre os seus componentes. John Locke (1632-1704), em sua obra Dois tratados sobre o governo civil, defendeu o liberalismo, expressando a ideia de que a origem do poder não está nos privilégios da tradição ou do direito divino, mas no contrato expresso pela manifestação das vontades individuais. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) escreveu O contrato social, onde afirmava que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social e no consentimento dos seres humanos em renunciar a suas vontades particulares em função da comunidade. Montesquieu (1689-1775) escreveu O espírito das leis, onde, após comparar as diferentes formas de governo, concluiu que as leis poderiam ser adequadas à natureza de cada sociedade, mas que todas deveriam estabelecer o domínio da lei. O Iluminismo contribuiu decisivamente para o surgimento da Sociologia. Isto porque o questionamento do poder político e econômico da Igreja ajudou a promover a valorização das explicações materialistas acerca da sociedade. Assim, a ciência, que já havia demonstrado seu sucesso na explicação da natureza, passou a ser vista como capaz de explicar também o funcionamento da sociedade.


O advento do Positivismo de Augusto Comte

O Iluminismo tinha evoluído como um movimento antiautoritário, sobretudo por ter defendido os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. A burguesia não hesitou, portanto, em apoiar esses princípios, já que se mostravam muito úteis para a justificação de seu projeto de ascensão ao poder. No entanto, a expansão da industrialização e o con- sequente processo de desagregação social e de repressão aos movimentos populares logo deixaram claro que a evolução e a integração da sociedade não estavam caminhando como o Iluminismo havia teorizado. As ideias de liberdade e igualdade, que começavam a ser aceitas pelas classes subalternas, passaram a ser vistas pela burguesia como uma ameaça. A preocupação com o caos em que as sociedades europeias estavam mergulhando após a Revolução Francesa determinou a valorização de uma postura em que o conhecimento científico passasse a ser utilizado para a restauração da ordem social. Nesse contexto é que aparecem os estudos elaborados por Augusto Comte (1778-1857). Comte foi bastante influenciado pelas ideias do socialista utópico Saint-Simon, do qual foi amigo e secretário, mas também teve como inspirações as ideias de Francis Bacon, Galileu e Descartes. Propôs, então, uma completa reforma da sociedade, em cujo ponto de partida estava a plena reforma intelectual do ser humano. Segundo Comte, modificando- se a forma de pensar dos homens, por meio do método científico, chegar-se-ia à reforma das instituições. Para promover essas reformas, Comte desenvolveu a doutrina filosófica conhecida como Positivismo. Essa doutrina se inspirava no método de investigação das ciências naturais, que procurava identificar na sociedade os mesmos princípios que explicavam a vida natural. O Positivismo procurava conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Mais que isso, procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia social entre os indivíduos e ao bem estar social. Nesse contexto é que Comte apresentou a Sociologia como a ciência que, mediante a análise da estrutura e dos processos sociais, proporcionaria a reforma das instituições.
A Sociologia, para Comte, não deveria se limitar à análise, mas também a propor formas de comportamento, segundo a famosa fórmula “saber para prever, a fim de prover”. Deveria também procurar a reconciliação entre os aspectos estáticos e dinâmicos do mundo, ou, em termos de sociedade, entre a ordem e o progresso.



Nenhum comentário:

Postar um comentário